Minha fuga para as colinas


                                                 Vista da Colina dos Flamboyants

Que soe engraçado! Mas às vezes, de fato, o melhor a ser feito mesmo é fugir para as colinas à la Cabo Daciolo. E assim o fiz: metafórica e literalmente. Logo que surgiu  criei a oportunidade, joguei tudo para o alto e fui parar na Colina dos Flamboyants, uma pousada em Cerro Corá- RN, cidade também conhecida como “Suíça do Seridó”. Situada na microrregião da Serra de Santana, Planalto da Borborema, a nossa Suíça tem cerca de apenas 11 mil habitantes e apresenta clima ameno se comparada a outras cidades do estado (tem média anual de cerca de 23° podendo chegar fácil aos 16° entre os meses de julho e agosto).  

Durante o trajeto demos uma paradinha por Tangará (para degustar seus famosos e deliciosos pastéis) e passamos por cidades como Serra Caiada e Santa Cruz. Foram 3 diárias (5 a 8/11) em um lugar que tem uma inusitada arquitetura e decoração rústica-sofisticada, e oferece aos hóspedes a oportunidade de entrarem em conexão com a natureza ao mesmo tempo em que desfrutam de benesses básicas da modernidade (como bom sinal de Wi-fi, ducha quente, ar condicionado, frigobar e TV), além de contar com restaurante próprio (aberto de quinta a domingo).

Infelizmente fui embora antes de provar os pratos e logo no exato dia em que seria lançado o novo cardápio do restaurante, inspirado no rio Potengi. Não me dei conta disso. Porém, no dia anterior, pude participar da degustação da carta de vinhos do empreendimento, elaborada com rótulos 100% brasileiros. Achei essa ideia de valorização do Brasil e do RN fantástica e os vinhos, excelentes, mesmo preferindo cerveja. Acabei comprando o Avvio - Don Guerino, um delicioso tinto suave proveniente da Serra Gaúcha.

Os proprietários e funcionários da Colina são simpáticos, prestativos e fazem questão de nos fazer sentir como se estivéssemos em casa.  Por exemplo, primeiro me levaram à acomodação e só depois fiz o check-in. Além do mais, tive alguns contratempos e os mesmos me ajudaram prontamente a resolvê-los, dentre outros pequenos grandes gestos que demonstraram boa hospitalidade.

Ah, a Pousada! Ela é sim toda lindinha e rusticamente aconchegante, reproduzindo, com um toque de sofisticação, a simplicidade das casinhas sertanejas. Também conta com um exuberante jardim que é o abrigo de saguis e de diversas espécies de pássaros e pequenas criaturas. Então cuidado com estas! Rs Mas é muito bom dormir e acordar respirando um "ar de verdade" e ao som das árvores e canto dos pássaros.

O nome “Colina” não é mesmo em vão. Além de situar-se numa cidade-serra, a pousada fica realmente em uma região mais alta e um pouco mais distante da agitação do centrinho. Como um verdadeiro refúgio, é um lugar tranquilo, onde de um lado pode-se admirar a vista de boa parte da cidade (o açude e muitas casinhas brancas), e de outro tem-se uma espetacular visão de serras e chapadas, enormes pedregulhos e impressionantes cataventos ao fundo. Em tempo, o RN é o maior produtor de energia eólica do Brasil! Enfim, admirar essas paisagens ao nascer e pôr do sol “do próprio quintal” é mesmo revigorante.

Em um dos dias almocei no Restaurante Popular do Governo ao custo de R$ 1, com suco incluso; em outro, almocei na Pousada e Restaurante Seridó (centro), cuja simpática proprietária também mostrou-me os quartos (todos novinhos, bem simples mas funcionais) e deixou-me admirar a vista lá de cima. Achei belíssima a cidade por esse outro ângulo também. Toda rodeada de serras e as enormes pedras em formatos diversos.

Preferi, nessa primeira incursão à cidade, ir só e ficar só pelo centro mesmo, conhecendo os pequenos comércios e conversando despretensiosamente com as pessoas. Numa próxima pretendo visitar outros atrativos do entorno, como a Serra Verde, o Bar Mirante, Serra Rajada, Cruzeiro e a Nascente do Rio Potengi, por exemplo. Com um grupo de amigos e com guia, claro.

Para quem procura desfrutar de um lugar mais pacato e de maior conexão com a natureza, recomendo. Porém, há também a opção de visitar durante períodos de maior agitação, como o Festival de Inverno, Festival de Cinema Ancorá e Cerro Corá Moto Fest. Vale muito a pena! Glóória a Deuxx!

Informações úteis/interessantes:

Natal-Cerro Corá: Soube que transporte Natal-Cerro Corá (direto) é difícil. Geralmente para em Currais Novos, o que demoraria mais. Decidi, então, ir de “carro de linha”, por indicação. Num dia bom (sem trânsito e sem muitas paradas), faz-se o trajeto dentro de umas 2h. Mas geralmente leva-se mais tempo mesmo.

Transporte dentro da cidade: Não existe serviço de Uber (no aplicativo constou como serviço inexistente); nem táxi  (os motoristas de carros de linha geralmente assumem o serviço). O que há são várias empresas de mototaxistas. Geralmente ao custo de R$ 3 é possível deslocar-se de um lado a outro da cidade.

Bancos: Não há terminais de bancos 24h mas pode-se sacar dinheiro junto às lotéricas e alguns correspondentes para tal, dos bancos Caixa, Banco do Brasil e Bradesco. Serviços de outros bancos, até onde soube, não estão disponíveis. Interessante que ao perguntar a um funcionário de supermercado sobre se  existia serviço do "meu" banco, ele falou que não, e pela minha cara de espanto achou que eu estaria em apuros e logo ofereceu ajuda: caso precisasse, alguém de fora poderia depositar em sua conta e ele retiraria para mim. Agradeci demais o gesto espontâneo de solidariedade, mas disse que por enquanto estava tudo bem.

Comércio: Os preços, se comparados aos da capital, são bem acessíveis. Como é bom lanchar um cafezinho pequeno ao custo de 50 centavos com uns pãezinhos recheados ao custo de 1 ou 2 reais, e um bom suco ao custo médio de R$3,50. Recomendo a Panificadora Cerrocoraence.  Ps: O comércio do centrinho praticamente para durante o almoço. Às 12h as ruas ficam visualmente vazias (pelo menos no dia que fui) e por isso deixei de conhecer várias lojas. Supermercados: Há vários no centrinho que oferecem tudo o que um supermercado comum se propõe.

Alimentação: Vários moradores disseram-me que consideraria a galinha caipira como o prato “principal” da cidade. De fato, há alguns restaurantes dedicados somente ao referido, tanto na cidade como no entorno. Outros acrescentaram ainda que adoravam comer fava com rapadura. Isso, para mim, foi uma grande surpresa. Realmente não sabia dessa combinação, fato que comprova o quanto sabemos pouco sobre nosso próprio estado e por isso mesmo deveríamos explorar e valorizar mais nossas riquezas naturais e culturais.

Obs: Este é um blog pessoal, sem fins lucrativos, com postagens esporádicas de opiniões, impressões e crônicas do cotidiano, com temas diversos e escrita numa linguagem livre. Talvez algumas informações não estejam completas e obviamente mudem conforme o passar do tempo, mas foram as que consegui durante  minha estadia na lindinha cidade de Cerro Corá. Conheci pessoas incríveis, mas decidi falar em linhas gerais, sem citar nomes, para não correr o risco de esquecer de alguém. Foram todos gentis. Informações geográficas e dos atrativos naturais foram retirados do site Wikipedia e da 2ª edição do Guia das Belezas do Rio Grande do Norte, 2014, de Erich Ettensperger e Marcia Monteiro de Carvalho. É permitida a reprodução parcial ou total do conteúdo desde que citada a fonte.

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