Uma declaração de amor


                                           

Nunca fui fã de declarações rasgadas de amor. Não que eu não seja romântica (pelo contrário), mas essa coisa de tecer elogios exagerados e repetitivos a alguém soa muitas vezes mais como “sei lá o quê” do que realmente algum sentimento nobre. Se tal declaração acontece de supetão, então, sem que você jamais tenha imaginado que isso fosse possível, pronto! Constrangimento geral! Tudo estragado! Os sentimentos verdadeiros vão-se aflorando naturalmente e talvez cheguem a um ponto em que algo concreto aconteça, mas esse algo não precisa de uma previsível declaração de afeto transbordante, algo que geralmente alimenta muito mais o ego do que a alma de quem escuta. Não estou dizendo que o sentimento bonito e puro inexista, apenas que ele dispensa esse tipo de demonstração como prova de sua existência. 

Nossa forma de se expressar vai muito além das palavras: está impressa no nosso modo de vestir, nos nossos gestos, nas nossas expressões faciais e até no nosso silêncio ou momento de ausência. Tudo significa algo, tudo fala.

A questão da convivência é também outro ponto a ser considerado. Podemos admirar, nos fascinar, etc, etc, mas jamais amar alguém a primeira vista, o que é bem óbvio. Ao entrevistar um padre para uma matéria, gostei muito da frase que ele disse sobre isso e que também acredito: “A gente só ama aquilo conhece”. Então, é necessário também algum tempo para que tais sentimentos sejam alimentados.

Em resumo, acho que precisamos de muito menos para perceber quando o sentimento existe. Esqueçamos os 1 milhão de “eu te amo”, pois a verdade pode ser revelada em algo tão sutil quanto um simples “Bom Dia”!


"Muitas vezes as coisas que nos tocam mais são aquelas que na altura em que estão a acontecer nem nos apercebemos." Antonio Lobo Antunes

Comentários

  1. Concordo inteiramente. Na humilde opnião acho que demostrações exageradas cheiram a carência.

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